terça-feira, 24 de abril de 2012

O Centenário do Cinema Olympia




Um pouco esquecido nas redes sociais, mas comemorado com justiça nos meios alternativos e culturais, o Cinema Olympia faz 100 anos hoje. É o cinema mais antigo do País em atividade.

Famoso e festejado durante toda a sua existência, fazendo a alegria de adultos, mulheres e crianças, abastados e nem tanto, cultos e pops, sempre foi unanimidade e orgulho dos paraenses, ainda hoje. Sempre o mais luxuoso, com as melhores películas, comerciais ou não, e de vanguarda.

Mesmo tendo estas características, nos final dos anos noventa, o cinema começou a decair, passando por uma fase de crise de público, como em todo o cinema mundial. Até que, em 2006, o Cinema tentou fechar as portas, não ocorrendo pelo reconhecimento da Prefeitura de Belém, que o alugou transformando em centro cultural (para mais história: http://www.cinemaolympia.com.br/historia.html e http://espacomunicipalcineolympia.blogspot.com.br/). Deveria mesmo é tê-lo desapropriado e tombado como patrimônio histórico. Tudo bem. Pelo menos salvou o Olympia.

Personagem importante nesse contexto foi o Sr. Adalberto Augusto Affonso, o gerente que mais tempo permaneceu a frente do Cinema. Conta o sítio citado acima que foi incansável pela manutenção do Cinema e que sentia orgulho pela sua administração.

Este personagem é avô da Preta, no qual ouço muitas histórias nos almoços de domingo, desde a seriedade com que conduzia o cinema, até as traquinagens de seu filho Laércio Affonso, que por vezes o ajudava a cuidar da bilheteria ou da pequena venda de bombons e pipocas que possuía na entrada do cinema (assunto para outra postagem), venda esta que conheci e que fazia a minha alegria nas sessões.

E as memórias e a formação deste Cavalcanti não seria a mesma inexistindo o Olympia. Lembro que mesmo antes de chegar em Belém, durante as minhas férias de julho ou de dezembro, sempre corria para o Olympia ou o Cinema Palácio (que foi transformado em uma igreja há muitos anos). Sempre foi um programa inesquecível, com partida no ônibus, descendo na parada da Presidente Vargas na Praça da República e enfrentando a constante fila para entrar no cinema, filme e, na saída, o cachorro quente tradicional na Praça da República, bem ao lado do Olympia, com a companhia constante do meu primo, Maurício. Por muitas vezes, me aventurando sozinho, assistindo filmes sem conseguir cadeiras, escorado em uma de suas pilastras laterais ou sentado no chão.

Mais tarde, na adolescência, a brincadeira, a paixão, a formação da cultura e, posso dizer no meu caso, do caráter, nas esticadas após o cinema ou mesmo antes, no mundo que era, e ainda é, a Praça da República, na qual o Cinema Olympia é um coadjuvante merecedor de oscar.

Filme inesquecível? Claro, Titanic, de James Cameron, com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, na qual passei metade do filme apaixonado e a outra metade aterrorizado pelas consequências do naufrágio, mascante também pelas confortáveis instalações do cinema.

Hoje, grande festa está acontecendo, sob o comando da Prefeitura de Belém e parceria do Governo do Estado, homenageando este Cinema que moldou a história e faz a lembrança de muitos que estão lendo, com merecidas homenagens, ao Olympia propriamente dito, Pedro Veriano, Adalberto Affonso e outros que contribuíram para a longevidade do Olympia e por tornar inesquecíveis aquelas poltronas vermelhas.


Da base, Belém, Pará.*

Um comentário:

Camila Cavalcanti disse...

Tenho certeza que meu avô adoraria te conhecer e trocar uma idéia sobre cinema com você. É uma pena que ele se foi ... É uma pena q a vida passe num piscar de olhos. Te amo.