Naquele tempo também existia o folclórico Waldyr, que tempos depois vim conhecê-lo. Não sei se as peripécias com as contas dos clientes que dizem que ele fazia são verdades, mas sei que ele se tornou igualmente lendário e parte indissociável do bar em seus tempos áureos. As estórias do Waldyr, qualquer dia conto, para evitar que fique muito longa a postagem.
Os dias de decadência chegaram ao O Corujão e creio que para tentar a sua salvação, fundaram um bloco homônimo, com um grande trio elétrico, que percorria as ruas de Belém, saindo da frente do bar e tendo a apoteose na Praça da República, se minhas recordações não falham. De toda a vida do O Corujão, somente participei desta época.
Mas, no que pese a importância do Corujão, ainda assim fechou, saindo do barco o Waldyr, que montou o seu restaurante próprio, o Alô Waldyr, na Rua Bernal do Couto, que teve uma vida breve.
Mas eis que surge o Beto Grill, do Beto, claro, fundador do O Corujão, agora na rua Doutor Moraes, entre a rua Conselheiro Furtado e a Rua dos Mundurucus, em frente a Fox Vídeo.
É certo que o restaurante não possui mais a importância política dos tempos áureos do o Corujão, mas ainda assim é frequentado por políticos, da antiga e da nova geração, empresários, advogados e pobres mortais, como este cronista nostálgico.
Também é certo que muitos vêm ao Beto Grill pelos tempos áureos do O Corujão, mas, ainda continuam vindo por o restaurante ter seus encantos.
Primeiro e peça fundamental é o Beto. Não o conheço, mas sempre o vejo com a sua bermuda, camiseta, sandália transpassada, sentado em alguma mesa, sozinho ou papeando, mas sempre com o seu olhar atento para certificar do padrão de qualidade do serviço e da comida.
E não somente por isto. A simpatia dele é contagiante, tratando bem indistamente qualquer pessoa, seja político, seja empresários, seja o mero frequentador.
O segundo, é o serviço. Garçons atenciosos, solícitos, conversadores e, o que eu gosto, mesmo que pague caro a dose do uísque, mesmo sem pedir, o "choro" do garçom é para políticos do nível de Gorbachov e Lula!
E o encanto final, a comida! Mesmo para aqueles que não gostam do sistema self-service, a qualidade é inegável e a presença das comidas regionais é diária. A mainçoba, o pato no tucupi, o bacalhau, são figuras dos almoços do dia-a-dia.
Mas, para mim, os carros chefes da casa são o arroz-de-pato, que dizem que o Beto foi o inventor do prato, que se popularizou nos restaurantes e nas casas de Belém, e o indescritível pirarucu de casaca, para mim o melhor que comi - excetuando tão somente o Tia Dedé Affonso, é claro -, que pode ser saboreado todos os dias.
Para não deixar de registrar, em outros tempos se vendia mussuã no local. Mas, pelo que sei, a iguaria foi substituída por outra, que é o mussuã de botequim, desta vez não mais um quelônio, mas um prato feito de músculo de boi, que vale a pena provar.
O Beto Grill fica na Doutor Moraes, 581.
Do Rio de Janeiro para Belém.