domingo, 18 de dezembro de 2016

Falando de Deus e de Saramago

Há um ano tive a revelação mais impactante da minha vida. Meu filho se tornava (já era, mas não tinha um diagnóstico) um autista.

Como qualquer pai de filho autista, meu mundo caiu, acabou. A única força que eu tinha era de ajudar, melhor, propiciar o melhor tratamento que eu podia dar. Não tinha e não tenho tempo para me dar ao luxo de "ficar de luto".

Mas o que eu coincidentemente lia, mesmo não acreditando em coincidências, era o Evangelho Segundo Jesus Cristo, de Saramago.

E o que era pior, estava lendo o diálogo entre Deus, Jesus Cristo e o Diabo, em uma canoa. Na conversa dos três, sem me alongar muito, Deus colocava em cheque o livre arbítrio. Dizia Ele que tudo que acontecia era porque Ele queria. O nascimento, a morte, a vida e o próprio destino.

Não sei se foi o momento que estava passando, mas foi a passagem mais genial que li na minha vida. Genial!

Passei a me questionar sobre o Pedro. Que, inclusive, o nome foi dado em face do Seu principal apóstolo.

Sempre acreditei em Deus, não da forma como ele é concebido, mas mais de uma energia que rege o universo, que pode ser até mesmo uma pessoa que o faça, se é que não fui contraditório (mas isso é matéria para um outro post).

Neste meu questionamento e do determinismo da reflexão que o livro me indicava, briguei com Deus (ou mesmo com a energia) em uma das minhas pequenas conversas introspectivas diárias que tinha com Ele. Sempre fui um bom menino, nunca fiz nada de errado e sempre fui o sustentáculo da minha família. Por quê Deus fez isso comigo? 

Enfim, ainda estou brigado com esse Deus que não é meu, mas mesmo procurando outros deuses, ainda não encontrei um para substituir e permaneço com o mesmo.

Antes que pareça algum tipo de rejeição, meu filho é lindo, a melhor coisa que Deus me deu e o amo. Espero que ele leia estas singelas reflexões um dia.

Contraditório ou não, a partir de hoje, volto a rezar.

Da base.