quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Novo Estado, a Guerrilha do Araguaia e o Restaurante.

O título é complexo e aparentemente não possui ligação. Mas há e, mais, há uma ligação político-gastronômica difícil de entender com esta pouco explicada oração.

Fui hoje a São Geraldo do Araguaia, tratar sobre um problema social-ambiental (segunda expressão, somente em dois parágrafos, que fiz ser composta para evitar delongas. Paciência). No caminho, em um carro a partir de Marabá, estava eu, papa-chibé da Capital, um marabaense e um maranhense, e ambos me comentavam como seria bom (e acham que inevitável) que fosse criado o Estado de Carajás, que teve o plebiscito aprovado em regime de urgência pelo Congresso Nacional, e que, provavelmente (existem divergências), Marabá irá se tornar a Capital do novo Estado.

Após o evento, me levaram para almoçar na beira do Rio Araguaia, na casa de uma senhora, que no pátio, ao lado da balsa, serviu a mim e aos meus anfitriões um peixe, o pintado (ou surubim, como queiram), em uma humilde panela de barro e com talheres compostos de garfos poidos e maltratados, mas que, despretensiosamente, se mostrou um saboroso peixe.

Passei o tempo, ao meio das reclamações da Senhora de que o rio não dava mais peixe como antes, tentando imaginar aquela fronteira, em que bastava atravessar o rio para se chegar a Xambioá, na época da guerrilha do Araguaia e dos osvaldões mortos na ocasião.

Mas não é este o assunto. O assunto é que, voltando a Marabá, após duas horas de volta em uma estrada com altos e baixos, por dentro de terras indígenas e com vista para a Serra das Andorinhas, decidi ir jantar no restaurante Bambu (Travessa Pedro Carneiro, nº 433, Cidade Nova, Marabá (94) 33241290). Não sei se o melhor de Marabá, mas o mais tradicional, e o que todos indicam.

Já tinha vindo antes aqui (escrevo do restaurante), mas no dia estava com trabalho para fazer, naquele sistema de tensão em que não me preocupei com o restaurante, comida e/ou com o atendimento.

Hoje, na entrada do restô, logo vi o escrito "vende-se jogos de mesa (Madeira)" grafado em papel A4. Sentei na mesa, a garçonete foi logo me avisando que estava me dando o cardápio reduzido, pois estava sozinho e o cardápio “grande” era para duas pessoas, pois nestes os pratos eram servidos para esta quantidade. O problema é que, descobri depois, a variedade de pratos no "cardápio grande" é muito maior e, mais, as entradas e o tira-gosto só estavam neste.

Pedi meia porção de isca de peixe de entrada (a inteira é para duas pessoas) e um filé de filhote ao escabeche, como prato principal. Comi.
A comida é boa. Só. Com pimenta melhora um pouco.

Não sei se Marabá vai ser capital do novo Estado. Sinceramente, ainda estou avaliando se vai ser viável se criar “O Estado do Carajás”. Mas uma coisa estou certo: Marabá, no nível de evolução que está, precisa de um bom restaurante... ou pelo menos o que exista se apresente despretensioso e saboroso como o restaurante improvisado no pátio onde outrora morreram os guerrilheiros.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Domenico

O Baixo Leblon não deixa de me surpreender e de ser uma opção certa no Rio de Janeiro.

Em meio ao burburinho da Dias Ferreira, encontrei um restaurante que para mim ainda era uma novidade, apesar de existir por volta de um ano e oito meses, tempo este mais do que suficiente para um restaurante se firmar em frente aos seus pares desta rua, como é o caso do Zuca e do Quadrucci.

O Domenico (Rua Dias Ferreira, nº 147 ab, Leblon, Rio de Janeiro, CEP 22431-050, (21) 2239 6614, contato@domenicorestaurante.com.br) é um restaurante, como a própria atendente indica na entrada, com viés italiano. Mas não é somente mais um restaurante italiano e sim um local em que o chefe mescla a origem italiana do restaurante com tendências contemporâneas de vários países, como pude constatar no meu pedido, a entrada de seleção do mediterrâneo, que é fantástica, e, como prato principal, o lombo de cordeiro com cuzcuz marroquino.

Outra atração é a carta de vinhos que, para os estudiosos, possui uma vasta seleção, e para os simples enófilos como eu, inclui as sugestões do sommelier logo na primeira página, o que torna mais fácil acertar no pedido. Na dúvida, é só consultar os garçons, sempre solícítos e muito bem treinados, que torna o restaurante muito mais agradável.

Somente não confie no anúncio de que o estabelecimento é "restaurante e bar", pois no local não há espaço para o bar, a não ser que se improvise com bebidas e as entradas.