terça-feira, 22 de janeiro de 2019
O Machado de Xangô
quinta-feira, 3 de janeiro de 2019
Insônia
Ainda estou com sono, mas não consigo dormir. Após acabar o segundo cigarro, furtado do meu cunhado, constato que ainda não é o dia para eu parar de fumar. Deixo um bilhete no sofá, mesmo sabendo que ninguém vai ler.
Parto da vista do mar, procurando cigarros. Subo a Miguel Lemos e desço a Nossa Senhora de Copacabana. Paro no primeiro bar a esquerda, como manda a tradição. Stalos é o nome.
Bar lotado, apenas vaga no balcão, que é melhor, pois minhas costas doem, meio tensão de um dia difícil, meio resposta de uma vida toda sentado.
Compro um chopp e, após dar um trago, vontade de escrever. Difícil escrever no celular, preciso do meu computador. Um jovem de cabelos descoloridos fica me olhando e me analisando, enquanto outro jovem lhe acaricia as costas. Talvez seja a minha camisa do Morrissey que tenha chamado a atenção.
Penso em antigos amores platônicos, enquanto o chopp esquenta mais que o normal. O que ela estará fazendo? Como ela está depois de tantos anos? Espero que esteja bem, dormindo neste momento, com um sono descansado e feliz. Procuro um local no balcão que esteja refrigerado, para que o chopp não esquente tão rapidamente.
No momento em que uma espanhola bêbada pede uma pizza sobre os meus ombros, pensei em Bukowski dizendo que o álcool é uma sinfonia, que você bebe para ir pro céu enquanto está sofrendo ou sendo pressionado. Algo assim.
Espero pra receber outro chopp das atendentes, diversas, que não me olham. Resolvo chamar e me atendem. Muitos jovens e um ritmo frenético. Somente eu centrado no celular, escrevendo, com a vista dos doces embaçados pelas bordas do celular no balcão.
Pensamentos existencialistas pululam. O que será daqui pra frente? Penso no meu moleque e no meu amor clichê por ele. O que de mais importante existe.
Outra vez Bukowski, O Amor é um Cão dos Diabos.
Acendo outro cigarro. Bateria acabando. Guardo o celular, economizando na esperança que alguém ligue, mesmo sabendo que não vai acontecer.
Copacabana não dorme. Nem eu.
Rio de Janeiro. Copacabana.
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
Com o Mar por Meio, 2017
Neste livro, de fácil leitura, Paloma Amado (isto mesmo, a filha e guardiã das obras), compilou diversas cartas entre os dois gênios, muitas delas cedidas gentilmente (digo gentilmente, pois nós podemos ter acesso a tais cartas) por Pilar, a esposa de Saramago, relatando as suas confidências e, até mesmo, algumas fragilidades, como se fossem mortais.
O ponto alto das trocas de confidências é a discussão acerca da injustiça do prêmio Nobel de literatura para a língua portuguesa e, mais, da injustiça de Jorge Amado nunca ter recebido o prêmio, ainda mais para o idioma mais bonito que conheço (assunto para outra postagem).
Não vou publicar, desta vez, a capa do livro. Vou publicar uma foto que gosto muito, na frente da Fundação Casa de Jorge Amado, foto esta que, inclusive, está no meu escritório.
Feliz de, no primeiro dia do ano, falar de Jorge Amado e Saramago. Poderia passar horas escrevendo.
Leiam com um bom alentejano. Merece.
Um grande ano a todos e que se renovem as energias para 2019.