terça-feira, 10 de maio de 2011

Caim, de José Saramago.

Após algum tempo sem postagens, por falta de tempo e mesmo de inspiração, retorno para indicar o livro do título, do Nobel de Literatura de 1998.

José Saramago, escritor português que passou seus últimos dias na Ilha de Lanzarote, no Arquipélago das Canárias, lançou este livro no ano de 2009, que chegou ao Brasil pela Companhia das Letras, sendo mantido em sua escrita original, pelo menos até a quinta reimpressão da primeira edição, a que eu li, que torna o livro ainda mais interessante.

O livro conta a estória de Caim que, após ter matado Abel e ter sido castigado por deus a vagar pelo mundo com uma cicatriz na testa, passa a transitar entre presentes e futuros paralelos, como é o caso dos episódios bíblicos da destruição de Sodoma e Gomorra, da adoração do bezerro de ouro aos pés do Monte Sinai, da expulsão de Adão e Eva do Paraíso, da própria morte de Abel e, mesmo, da Arca de Noé.

Nestas passagens, com uma narrativa singular, em que se predominam as vírgulas, minimizando a importância dos pontos, parágrafos ou não, sempre grifando "deus" com "d" minúsculo, Caim se torna, antes de um vilão, uma vítima da ira celestial, o que o faz contestador dos desígnios divinos, com argumentações e reflexões sobre os atos de deus.

É um Saramago, rebelde e argumentativo, como me parecia ser quando via as suas entrevistas, bem apropriado para o meu momento.

Da base, Belém, PA.



- Posted using BlogPress from my iPhone

Nenhum comentário: