terça-feira, 15 de setembro de 2009

Segurança Pública em Belém

Costumo comentar que tenho coragem de andar pela Zona Sul do Rio de Janeiro, Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon, de madrugada, mas não tenho coragem de atravessar a Praça Batista Campos às onze horas da noite.


No que pese ser verdade e não mera retórica o que digo, cada dia que passa tenho mais convicção da minha afirmação.

Semana passada estive na Capital Federal e decidi ficar também no sábado e, em algumas conversas que tive com alguns taxistas, estes me disseram que no plano piloto e mesmo em algumas cidades satélites, se podia andar tranquilo à noite sem medo de assalto.

Comecei a prestar atenção e verifiquei que, mesmo à noite, os carros andavam de janelas abertas, parando nos poucos sinais que existem na Capital Federal, sem aparente preocupação.

Neste ímpeto, ousei até mesmo ficar em um bar de beira de calçada, que possui uma rua (ou seja lá qual é a espécie da via) pouco movimentada, na esquina do que os brasilienses chamam de uma comercial, até tarde da noite, sem preocupação em me deparar com uma corja me assaltando, o que não faço, infelizmente, em Belém.

Moro em uma área nobre do bairro do Umarizal, em que na esquina do apartamento onde moro, mais ou menos a uns cem metros, existe um posto de gasolina com uma locadora e a minha coragem se esvai quando tenho que devolver um filme no meio da noite. Para não parecer muita covardia para a Preta, deixo celular, carteira, cordão e coloco apenas o dinheiro da locação - que o meu sogro chama dinheiro "do ladrão" - no bolso e parto para a minha perigosa aventura: devolver um filme em uma locadora de Belém.

Pode parecer que estou exagerando e que o que falo somente é uma "sensação de insegurança", expressão muito usada na última disputa para o Governo do Estado, mas não estou. Na madrugada em que fui para Brasília, o taxista que me levou ao aeroporto, tentando se espertar do sono da madrugada, de pronto me perguntou se eu sabia o que tinha acontecido no final de semana, me relatando que, no mesmo posto de gasolina em que está a locadora, havia acontecido um assalto.

Informou-me que três assaltantes abordaram uma senhora para tentar roubar a sua bolsa. O segurança do posto de gasolina, prontamente, deu tiros em direção aos assaltantes, que saíram correndo em para frente do meu prédio trocando tiros com o cavaleiro solitário que estava em defesa da Senhora (ou do posto, mais provavelmente), entrando, os assaltantes, incólumes e com a bolsa, em um táxi pouco mais a frente do edifício onde moro, que os estavam esperando para a fuga.

Ainda um fato não confirmado por mim, que o taxista me relatou, um dos tiros teria acertado a perna de um pizzaiolo que trabalha em uma pizzaria que tem em frente ao posto.

Isto mesmo: Posto de gasolina, Pizzaria, locadora, tudo na mesma encruzilhada, ainda existindo um bar que não citei, muito diferente da ponta erma e sombria da comercial que estava o bar que frequentei na Capital Federal.

Fico pensando se no momento deste assalto eu estivesse na minha aventura belenense de entregar um filme na locadora e me recolho ao meu pensamento pequeno-burguês de que a violência não chega a mim, tentando pensar que Belém ainda é uma cidade boa para morar e criar os filhos que ainda não tenho.

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