Hoje
o Facebook sinalizou que faz exatamente 06 anos de uma das melhores
festas da minha vida.
No
ano de 2013 decidimos passar o carnaval em Veneza. Após passarmos o
dia na Piazza San Marco, a praça central, admirando as fantasias
superelaboradas típicas do carnaval local e ouvindo música clássica
(podem acreditar, o carnaval em Veneza é feito com música
clássica), voltamos de Vaporetto (ônibus
marítimo), pelo Grande Canal, ao mais que agradável
Palazzo Sant’Angelo, hotel que estávamos hospedado.
Cerca
de 22 horas locais, como um Doge, logo decidi que não ia passar a
minha noite de carnaval no hotel!
O
hotel ficava a meio caminho da Piazza San Marco e o Mercado de Rialto
e saímos vagando indefinido, sem a menor intenção de nos
direcionarmos à San Marco e suas músicas clássicas e fantasias
suntuosas.
Após
cerca de vinte minutos, chegamos ao Campo Sant’Angelo. Os
denominados “campos” italianos são áreas largas, hoje em dia
calçadas com pedras históricas, podendo ter ou não uma fonte.
Neste caso não tinha. O que tinha, na hora, era um palco de metal
com um Deejay, várias barraquinhas ao redor do Campo, também de
metal, cobertas e com balcões, vendendo os mais variados tipos
bebidas e comidas, especialmente sanduíche grego, pretzel, vinho
quente e o Aperol Spritz, drink a base de espumante e um bitter, que
faço até hoje em casa, depois que conheci neste dia.
E
muita, muita, neve. Esqueci de dizer que Veneza estava sob
temperaturas negativas, tanto que na noite anterior teve tanta neve
em que o horário de entrada do hotel foi limitado - e nós,
desavisados, quase não conseguíamos entrar no hotel -, tendo tido
uma enchente em Veneza, em que o mar subiu vários metros, inundando
inclusive o hotel. Na verdade, a título de lembrança, foi um
fenômeno mundial, com influência da lua cheia, em que o Ver-o-Peso
também inundou, para uma referência paraense.
Retornando,
era uma rave. Apesar de a única parte da rave que gosto é que as
vendas de cervejas não têm filas, pois os frequentadores, em face
dos psicotrópicos, preferem as barracas de água, o fato é que esta
estava bem divertida! Era composta de jovens locais, italianos e
europeus, fora do circuito turístico!
E as
fantasias, longe da suntuosidade e dos motivos medievais das da
Piazza San Marco, eram mais contemporâneas e sem muitas
preocupações. Um exemplo da que mais gostei foi a de Bender
Bending, o robô alcoólatra e drogado de Futurama, que estava
perfeita e o usuário também estava no clima da personagem.
Mas
realmente o ponto alto foi a chegada de um jesus cristo. Um jovem
esquelético de cabelos grandes ou uma peruca perfeita, vestindo
somente uma tanga, uma coroa de espinhos e umas botas felpudas
(afinal, nem Jesus Cristo ia aguentar aquele frio negativo descalço)
chegou correndo pelo meio da plateia e pulou como uma pluma no palco,
sob a ovação de todos os presentes. Após uma pequena apresentação,
ainda sob aplausos, assumiu as pickups e tocou mais música
eletrônica.
Eu,
mesmo distante dos jovens e do palco, bebi vinho quente, aperol
spritz e me empanturrei com um sanduíche grego. Grande festa,
simples, despretensiosa e barata – o copo (de plástico, claro) de
vinho quente, custava dois euros, bem diferente da Piazza San Marco,
em que uma taça vinho facilmente chegava aos dez. Depois, já na
madrugada, ainda tentei um bar que ficava na parte posterior do
palco, mas a minha estória era a rave.
Finda
a festa, tínhamos que voltar para o hotel. O frio insistindo em
atravessar o nosso casaco e o meu GPS mental retardado pelo pequeno
excesso etílico. Partimos pelas ruelas históricas da ilha, passando
por minúsculas pontes sobre os canais, em caminhos cada vez mais
apertados, em que, cada vez mais, pareciam todos iguais e com um ar
sombrio e deserto de uma cidade medieval. Chegamos, inclusive, a
rodar em círculos, o que gerou certo desespero mas, enfim, em um
momento de sobriedade, lembrei do caminho de volta.
Um
grande carnaval, muito mais pela rave do Campo Sant’Angelo que pela
suntuosidade da Piazza San Marco.
Da
base.
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