segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Autorretrato (um plágio declarado do de Pablo Neruda)


Sei que sou ou penso que sou,
protuberante no abdômen,
de pele amarelo-escritório,
olhos pequenos e nariz grande,
precoce em pêlos prateados,
covarde para armas e violência,
corajoso para defender a paz,
companheiro dos livros, das novelas e dos romances,
das películas de qualquer gênero,
fiscal da natureza,
amante das florestas e dos mares,
meditador nas praias,
preocupado, com o que devo me preocupar,
despreocupado, com o que sobejar,
viajante audaz e inconsequente,
sedento para conhecer lugares,
hedonista por brincadeira,
apaixonado pelo que faço,
workaholic por necessidade,
preguiçoso para o que não é urgente,
descrente das atividades físicas,
tímido,
algumas vezes melancólico,
passional ao fundo do poço,
alegre por convencimento,
entregue aos amigos,
não conheço os inimigos,
rancoroso,
perseguidor da arte de escrever,
de ler,
de se comunicar,
mesmo sabendo que o satisfatório não consigo alcançar,
admirador das mulheres,
apaixonado pela minha,
protetor das outras três de toda a vida,
descobridor do amor incondicional pela cria,
sonhador incorrigível,
sem limite,
amante da liberdade,
notívago por herança,
boêmio por natureza,
embriagado pelo vinho, pelo uísque e pela vida,
sempre.

Da base, Belém, Pará.

Um comentário:

Camila Cavalcanti disse...

Adorei seu autorretrato. Bem escrito e verdadeiro. Te amo.