sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A Encantadora de Crianças

A primeira vez que a vi foi na antessala de um consultório. Bela, altiva e, principalmente, com a confiança típica da juventude.

Na hora a dúvida de confiar a criança da casa, nosso maior bem, àquela jovem, que logo nos primeiros dias se dissipou, ante a clara segurança no que estava fazendo e a técnica utilizada, que demonstrava o conhecimento dos melhores profissionais.

Era impressionante como ela conseguia fazer com que o menino, em poucas horas, fizesse tudo que ela queria. Parecia encantado, com uma diferença, mesmo quando ela nos deixava, permanecia sob o encanto, levando o conhecimento aprendido com o feitiço para toda a vida.

Estávamos vivendo a fábula de Hamelin. Aliás, a melhor parte, pois além de conseguir que o ratinho a seguisse ao som de sua decidida flauta, conseguiu, inclusive, em episódio emocionante, que o próprio ratinho tocasse o instrumento.

Nestas tardes diárias, ainda apareceram o riso fácil, a alegria, e mesmo algumas doses de autoritarismo, que acabou encantando todas as outras crianças da casa, ainda que todas estas outras estivessem na casa dos trinta ou mais.

Foi aí que se deu a outra fábula, a de Lewis Carrol, e lhe cortaram a cabeça.

Infelizmente foi embora, por uma falta de opção ou mesmo de coragem nossa, não sem antes nos deixar um vazio no peito e nas nossas tardes, que já estão mais tristes.

Fique bem e que Deus lhe reserve um grande caminho. Quero lhe ver sempre como da primeira vez, bela, altiva e confiante, com os nossos agradecimentos eternos.

Da base.

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