No sofá curto, olho para o super-homem deitado na cama alta ao meu lado. Há um ano, o super-herói chegou com a notícia de uma dor forte no ouvido, um pouco depois do ano novo, um pouco depois de passar o Natal com a gente, como não ocorria em muitos anos. Um natal divertido, como era o herói, que hoje parece uma despedida.
Descoberta, era a kryptonita, que foi dominando o seu corpo traiçoeiramente. Primeiro, depois de seis meses, havia sido banida. Três meses após, tinha voltado.
E agora, mais quatro meses, o super-homem não possui mais qualquer sombra daquele atleta que fazia musculação quando poucos falavam neste esporte. Pedalava uma caloi barraforte todo dia às cinco horas da manhã. Dieta de segunda a sexta, com peixes e salada, para manter a saúde e a beleza.
Vaidoso, alto e atlético, se apresentava como boêmio aos que não sabiam este lado de cuidados com a estética e bem estar, o que conquistava todos, principalmente as mulheres, muitas, durante os finais de semana exagerados e noitadas sem fim, como um Dorian Gray.
Vindo para dormir com ele hoje, arrumando a mochila, coloco o uísque no copo, pensando que não era este o que ele gostava e os que, na minha infância, via na caixa constante na biblioteca.
Os dois Cavaleiros da Esperança que vinham salvá-lo, o abandonaram. Um pela distância, alienígena, talvez onde o super-homem deveria estar, com a possibilidade da salvação. O outro, próximo, conhecido, do meu convívio, com o argumento que era terminal, não atende o telefone, também o abandonou. Esperamos amanhã uma amazonas, para o milagre. Sem muitas esperanças.
Vou no banheiro, volto e ele está de olhos abertos. Parece que está apenas adoentado, como há um ano atrás. Falo com ele em vão. Não responde, mas parece que sabe o que está passando em volta.
O super-homem não é mais sombra do que foi. Quando acorda, apenas o olhar no vazio e eu, nesta madrugada, coloco o basquete na tv tentando alguma atenção dele, com saudades do neto de doze dias que o herói não vai conhecer.
Sinto os olhos molhados e um soluço preso na garganta e tento pensar que o super-homem ainda é o mesmo, quando ouço, repentinamente, o mesmo ronco forte e sonoro, sua característica, que ouvia quando era criança e dormia no quarto dele junto com minha mãe e minhas irmãs, com o sentimento de segurança que somente este aparente super-homem podia proporcionar.
Da base, Belém, Pará.
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terça-feira, 5 de abril de 2011
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Madrid, Plaza Mayor e Presunto
Assisti agora o programa "Comidas Exóticas", no canal Discovery T&L, sobre comidas Madrilenhas. Em artigo anterior já havia escrito que Madrid era uma das minhas cidades prediletas. Digo mais agora, me encanta, como dizem os espanhóis, a Plaza Mayor e os seus arredores, e por isso cito o programa, pois mais da metade passou neste lugar.
A Plaza Mayor, atração imperdível em Madrid, cuja origem remonta ao Século XV, nasceu como um mercado e foi palco de guerras, queimas de bruxas e até mesmo das primeiras touradas. Situa-se no centro da Capital e hoje é palco de restaurantes e de bares de tapas, dentre algumas pequenas lojas e até mesmo poucos hotéis. No programa, houve a referência de alguns lugares que visitei e que aconselho a visita, além, obviamente, da própria Plaza como passeio e centro turístico.
Merece referência neste blog, o Restaurante do Botín, que é o restaurante mais antigo do mundo, com mais de trezentos anos de existência. Contudo, nas duas vezes que tentei ir, o restaurante necessitava de reservas, que demandaria algum tempo de preparação e eu não sabia. Por este motivo, fui no restaurante ao lado, também na Plaza Mayor, o Las Cuevas de Luíz Candelas (www.lascuevasdeluiscandelas.com), que possui uma aparência, e é, de restaurante de época, com garçons vestidos à caráter e comida típica espanhola. Não recordo o que comi, mas recordo que o ponto alto foi um grupo de jovens que apareceu no local, com trajes típicos de trovadores medievais, tocando tambor, violão e algo como um pequeno bandolim com aspecto antigo, cantando e tocando músicas flamencas com ares da idade média e, quando descobriu que nós éramos brasileiros, ensaiou uma desajeitada "garota de Ipanema" em espanhol. Muito bom, com gorjeta, é claro.
A Plaza Mayor, atração imperdível em Madrid, cuja origem remonta ao Século XV, nasceu como um mercado e foi palco de guerras, queimas de bruxas e até mesmo das primeiras touradas. Situa-se no centro da Capital e hoje é palco de restaurantes e de bares de tapas, dentre algumas pequenas lojas e até mesmo poucos hotéis. No programa, houve a referência de alguns lugares que visitei e que aconselho a visita, além, obviamente, da própria Plaza como passeio e centro turístico.
Merece referência neste blog, o Restaurante do Botín, que é o restaurante mais antigo do mundo, com mais de trezentos anos de existência. Contudo, nas duas vezes que tentei ir, o restaurante necessitava de reservas, que demandaria algum tempo de preparação e eu não sabia. Por este motivo, fui no restaurante ao lado, também na Plaza Mayor, o Las Cuevas de Luíz Candelas (www.lascuevasdeluiscandelas.com), que possui uma aparência, e é, de restaurante de época, com garçons vestidos à caráter e comida típica espanhola. Não recordo o que comi, mas recordo que o ponto alto foi um grupo de jovens que apareceu no local, com trajes típicos de trovadores medievais, tocando tambor, violão e algo como um pequeno bandolim com aspecto antigo, cantando e tocando músicas flamencas com ares da idade média e, quando descobriu que nós éramos brasileiros, ensaiou uma desajeitada "garota de Ipanema" em espanhol. Muito bom, com gorjeta, é claro.
Também é ponto alto da Plaza Mayor e de seus arredores os restaurantes de Tapas. Tapas, para a cultura culinária espanhola, é tão importante quanto a feijoada para o brasileiro. Nada mais são que os nossos famosos tira-gostos ou os acepipes portugueses, que podem ser consumidos a qualquer hora e mesmo sem bebida alcoólica mas, a melhor forma de curtí-los é do horário 17h às 21h. (os espanhóis almoçam cedo e jantam tarde), acompanhados do vinho, do brandy ou da cerveja de sua preferência. Na Plaza, e em toda a Espanha, se encontram vários bares e restaurantes servindo estes petiscos, que variam de frutos do mar, tortillas de batatas, pintxos e até iguarias como presuntos das mais variadas formas. Os restaurantes e bares de dentro da Plaza Mayor são bons e pitorescos, ainda mais para observar o movimento, mas se quiser apreciar o sabor e o ambiente de um bar de tapas, tente se embrenhar nas vielas das cercanias, que possuem iguarias incríveis e maior diversificação.
E por falar em iguaria e diversificação, dentro da Plaza Mayor possui o Museo del Jamón, que é uma cadeia de lanchonetes cuja atração principal é o jamón, que nada mais é que presunto, não este que conhecemos no Brasil, mas algo no formato e apresentação do presunto de Parma. Esta rede possui em toda Madrid e, inclusive, vi uma franquia na Argentina uma vez, mas nada comparável ao espanhol. A Preta, quando acordávamos, ia logo correndo ao Museo e pedia o chiquito de jamón, que é um pãozinho que aqui chamávamos de salário mínimo, com o presunto, acompanhado de café-com-leite. Mas gosto mesmo do jamón como tapa, acompanhado do vinho, da cerveja ou do brandi, o cognac espanhol. Por toda a loja ficam pendurados os jamóns, e com as patas, que indicam a procedência e a qualidade do presunto. Os mais famosos e apreciados são os jamóns ibéricos, cujo pata negra é considerado o melhor, e mais caro também. Provem, é gastronomicamente e culturalmente imperdível.
Estas são algumas atrações da Plaza Mayor.
Da base, Belém, Pará, Brasil.
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