Depois de um dia
todo no Zoológico de Lisboa, extenuante, correndo com o filho para
ver golfinhos, leões, zebras e antílopes, o pai decidiu não voltar
para o hotel e partir direto para o jantar. Afinal, se o moleque
voltasse, não iria querer mais sair do quarto. Muita discussão
depois, decidiu, o casal, conhecer o Mercado da Ribeira.
Táxi, perguntaram
se estava aberto - domingo, em Lisboa, muitos lugares fechados -, e
chegaram ao mercado belamente restaurado, hoje repleto de bares e
restaurante, incontáveis os tipos de comidas e bebidas, e muito boa
qualidade. Acomodou a esposa e o filho em uma mesa coletiva
concorrida, saiu para buscar urgente o jantar do filho, sob as regras
da mãe do tipo de comida! Jantar preparado e entregue, foi
viabilizar as relaxantes taças de vinho.
Wine Bar no centro
do salão. A atendente, uma loirinha, olhos azuis e a pele alva da
península, um sorriso com a boca desproporcional das mulheres
lindas, acolhedor e ao mesmo tempo sensual, como uma Julia Roberts
juvenil.
O corpo serpenteava
uma falsa magreza, que dava para prever, mesmo sem ter visto, as
nádegas firmes e redondas, escondidas, cuidadosamente, em um
shortinho preto formal, que para baixo saiam as pernas finas,
proporcionais e cuidadosamente fabricadas em um torno divino e, para
cima, uma blusa branca de seda, na qual os dois pequenos montinhos
poderiam ter sido dados por uma Ninfa.
De longe possuía um
ar doce e angelical, uma fadinha sem asas, como se fosse de
porcelana, ar esse que logo se desfez quando se aproximou.
Continuava linda,
mas se apresentava discretamente simpática, quando tascou logo um
"hello" de atendente pensando que o marido era inglês ou
americano, com uma simpatia objetiva. Aliás, a simpatia objetiva
também foi o mote do profissionalismo, quando disse que queria um
bom vinho da região que, olhando nos olhos do cliente, puxou uma
taça de um armário baixo e disse, com a segurança de um sommelier
italiano: - Esse é o meu preferido! Douro!
Servida a prova do
líquido cor de sangue, rodou o vinho no copo sutilmente para
respirar - ou, o mais provável, para demonstrar para a moça que não
era tão ignorante na arte de baco - e realmente o vinho era
delicioso!
Cumpre dizer que, ao
tempo que estava provando, a moça atendia vários outros clientes
com a mesma simpatia, permeando com perguntas sobre se gostava de
mais frutado ou com mais estrutura, que demonstrava o conhecimento do
que estava fazendo, mesmo com a sua pouca idade.
Disse que era esse e
que queria duas taças. Retornando à mesa, o casal bebeu a taça de
vinho, sem que o homem pudesse se desligar da imagem da ninfeta, que
abreviou o término, logo voltando para comprar mais.
Com a coincidência
previsível, lá estava a moça, outra vez com as mesmas perguntas
objetivas sobre como os clientes queriam o vinho: - Mais estrutura?
Qual região? Sempre com a tal simpatia objetiva que envolvia os
homens e deixava alguns embasbacados tentando demonstrar os seus
parcos conhecimentos enófilos.
Era isso que
encantava e seduzia: a simpatia e o conhecimento dos vinhos. Com
objetividade, sem firula, apenas o conhecimento dos
vinhos e, claro, a beleza de uma escultura renascentista, ainda que
discreta.
Por uma terceira vez
o marido foi ao Wine Bar, obviamente para o vinho mas, pensando que
não seria nada mal ver a loirinha outra vez.
Chegou ao local, a
moça não estava mais. Estava atendendo em seu lugar um jovem de
cabelos castanhos-aloirados, um pouco grandes, penteados para trás e
seguros com gel, alto e atlético, com a similar camisa de seda que revelava um peitoral protuberante e lhe dava um ar
de amante italiano de filmes de comédia romântica.
Sem mais o sorriso
abobalhado que estava das duas últimas vezes, o marido disse seco: -
um Porto e um cálice de vinho tinto, e retornou prontamente para a
mesa com a esposa, sem deixar de pensar que é melhor, a partir de agora, não deixar
a esposa comprar vinho no Wine Bar ...
Da Base.
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